Energia dos Oceanos
A extensão da costa portuguesa e as características da ondulação, particularmente em alguns pontos da costa ocidental e no arquipélagos dos Açores e da Madeira, sugerem que, no futuro, a energia dos oceanos possa também vir a contribuir para a satisfação das necessidades energéticas do país.
O Instituto Superior Técnico, em colaboração com o INETI, desenvolveu uma tecnologia baseada no sistema de Coluna de Água Oscilante, a utilizar na futura central experimental de Porto Cachorro, na Ilha do Pico, Açores. Esta central terá uma potência instalada 0,5 MW e uma produção anual da ordem de 1 GWh, suficiente para satisfazer as necessidades de 1000 a 1500 habitantes.
Existem várias formas de aproveitamento das energias associadas aos oceanos: energia das marés, energia associada ao diferencial térmico (OTEC), correntes marítimas e energia das ondas.
A energia das ondas é uma das formas de energia que apresenta um maior potencial de exploração, tendo em conta a força das ondas e a vastidão dos oceanos.
A conversão da energia a partir das ondas apresenta muitas semelhanças com o processo de conversão da energia eólica. As ondas são produzidas por acção do vento e ambos os fenómenos apresentam irregularidade e variação sazonal idêntica.
Em ambos os casos, a energia é extraída de um meio fluído em movimento, de extensão praticamente ilimitada. A natureza ondulatória do mar origina a complexidade de concepção dos sistemas de conversão. De qualquer forma, as ondas apresentam uma maior concentração espacial do que a energia eólica.
Tecnologia
Existe uma certa variedade de dispositivos e métodos de extracção de energias das ondas, embora não se verifique convergência para que uma tecnologia se torne dominante. Para já pode-se distinguir dois grupos: sistemas de costa (ou próximos da costa) e sistemas em águas profundas (offshore).
Os sistemas de costa estão normalmente localizados em águas de baixa profundidade, entre os 8 e os 20 metros, apoiados directamente na costa ou próximos desta. Os sistemas de coluna de água oscilante são a tecnologia com mais sucesso e usa dispositivos relativamente convencionais.
Os sistemas de águas profundas dizem respeito a profundidades entre 25 e 50 metros. Têm sido estudados vários dispositivos, sem qualquer predominância. Por norma, o órgão principal é um corpo oscilante flutuante ou totalmente submerso. O sistema de extracção de energia pode usar uma turbina de ar ou outros equipamentos mais sofisticados.
Panorama Nacional
A energia que chega à costa ocidental portuguesa é de cerca de 120 TWh por ano, em águas profundas. A conversão de 1% dessa energia em energia útil produziria 1,2 TWh/ano, correspondente a uma potência instalada de 550 MW (megawatts). A grande contribuição viria de sistemas offshore. A costa portuguesa reúne condições excelentes para o aproveitamento da energia das ondas. Também ao nível do desenvolvimento de tecnologia e inovação nesta área Portugal é pioneiro.
Existem, no entanto, dificuldades que se colocam ao nível da exploração desta fonte renovável. A passagem da fase de ensaios em laboratórios para a demonstração em protótipo da situação real é bastante dispendiosa e suscita uma longa preparação e diversos riscos. Por outro lado, o desenvolvimento de sistemas deste género requer o envolvimento de equipas multidisciplinares e empresas especializadas, e em Portugal não existe essa tradição. O país também não é especialista em tecnologia offshore, o que implica uma determinada dependência das importações.